POESIA ERÓTICA #8
By Celino Deira
arts.montero@gmail,com
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A
mulher é o bosque da cidade.
Os
seios e coxas recordam-nos os riachos,
as
matas e carne fresca de veados ruminando
ou
o cio
a
que nossos antepassados
misteriosamente
cediam.
No
voo de aproximação do desejo
já
avisto ao longe a sensual aerogare
e
escura pista de aterragem da beleza feminina
e
preparo as manobras copulatórias
que antecedem a perversa ancoragem
o
fálico desembarque
no
amigo território do amor
A mulher é a presa do amor
sua beleza é iguaria muito cobiçada
por traficantes desse comércio
ou caçadores furtivos da luxuria;
o seu tráfico atinge
altos preços
no mercado negro do amor.
enquanto
progredimos em corredor
algures dentro de aposento cerrado
uma mulher geme de gozo
como se amado refém ou prisioneiro fosse torturado
sujeito a sensual interrogatório
por agentes secretos e oficiais
do amor
Que nos enoje o amor praticado
quais náufragos do sexo
em total imersão de seres alheios
pelo excesso de humano
que involuntariamente ingerimos
como água salgada
A mulher orgulha-se das extremas habilidades da filha
os arriscados exercícios e movimentos que empreende
ousadas façanhas e posições que adopta e manobra
que a temerária moça pratica em sexo
como uma acrobata perversa
uma exímia contorcionista
do amor
Finda a privada conferência com o amante ou admirador
a dama ordena às criadagem que limpe e asseie o aposento,
elimine e remova os amorosos vestígios
que possam denunciar sua beleza perante o amo
e as severas autoridades esponsais,
constituir provas definitivas da ocorrência
de um grave delito amoroso.
Por
amorosa incompetência do macho
Parece
à mulher que a foda decorreu a meio falo
que a beleza não ficou devidamente saciada e nutrida
e
recorre a uma perversa réplica,
uma prótese fálica feita para concluir devidamente
a
frugal refeição amorosa
Quanto mais o falo se avilta e corrompe
mais a mulher mentalmente aplaude
como o publico circense
aclama e exige
os mais perigosos números
arriscados malabarismos
a ousado e perverso artista.
seu ser distende-se e dilata na enseada cintura
Inchado das insistentes ferroadas e mordeduras
de um
falo cravador
mitico dragão habitante de regiões cavernosas
que sai furtivamente à luz
para caçar e se nutrir
de amor e beleza
logo que em salão,
já bem recebidas e formalmente instaladas
nobres damas desdobram
e diante da mente abanam caprichosamente o leque
amorosamente significa e exclamam
que é na baixa cintura que o fogo
simbolicamente alastra
Que
tarefa tenho hoje a me executar?
Um
pouco de existir.
Parece
muito, mas quase é nada.
Fora
está o trabalho a ser,
feito
em serões de relembrar,
sobre
sagradas frontes de plangir.
ao
longo do tronco fálico
na
lugubre extensão do seu fuste
estão gravados como em torpes tuneis de suburbio
sordidos
grafitos
perversas
inscrições de antigas mulheres amantes
que
por lá atravessaram a mente
e beleza
Algures dentro de exígua cela ou aposento
decorre lubrico interrogatório
que extrai da mulher profundos clamores de
gozo como insurrecta, sensual rebelde amarrada e
torturada
coagida pelas amorosas autoridades
a confessar o crime da beleza
de que é suspeita
A
mulher concebeu uma sagaz campanha de propaganda
para
eliminar da mente dos cidadãos
a
figura torpe que a sociedade faz de si,
como
insaciável devoradora de falos.
E,
pelo fim, ainda se fez fotografar com as criancinhas,
como
vil déspota do amor.
Uma
seita feminina recusa seleccionar o falo,
ou
coloca condições à sua qualidade
e
impregnadas dessa fé determinista
aceitam
excitadas a sorte do orgão que lhes couber
como
um sinal divino,
uma
mensagem a ser interpretada
como
pedra disposta no caminho.
A
mulher elogia o falo guerreiro e probo
como
fera que em terreiro luta
e
resiste ao massacre sensual;
que
vende cara a derrota do amor
e
tomba exausto aos pés da mente feminina
como
um generoso pescado que, por vida,
suspenso
em linha se debate.
É
certo que do esposo
a
mulher perderá o alto sexo.
Tal
ofício será executado
por
lacaios de sua casa.
E
será tão apreciado
quão
inferior for a sua condição.
O
sexo é uma obstipação filosófica,
e
o espasmo - a tosse,
o
sémen - odor a líquido vazante do ser em alta expectoração.
E,
sem dúvida, o lugar mais nobre para nos assoarmos
é
a face
ou
mente de uma bela mulher.
Inquiramos
sensualmente a mulher,
vigiemos
rigorosamente seu pérfido passado amoroso.
Previamente
busquemos indícios de perversão
ou
semelhantes actos vis e obscenos,
de
que é suspeita como um ex-agente nazi
do
amor.
Executemos
o sexo a pedido,
por
desejo expresso da mulher ou nosso
e,
preferencialmente, em carta registada.
Rejeitemos
o cortejamento
e
a sedução de mentes por olhares ternos,
a
prostituição subjectiva do sentimento.
A
mulher formou-se como as cordilheiras
ou
um velho carvalho de aldeia;
um
predador de garras sensuais,
úteis
para a existência agreste;
um
guerreiro armado e fiel
à
causa amorosa de um Rei.
Em
todos os actos existenciais
a
mulher se faz acompanhar do corpo,
como
um aio fiel.
Até
em amor
ela
não dispensa sua nua presença,
o
que nos embaraça de sobremaneira!
Existir
é um jogo de casino.
E
se, porventura, fracassarmos
resta-nos
o suicídio pequeno,
em
terraço exíguo e esquivo,
cuja
porta abre, directamente,
para
o destino…
Alinhei minha mente
pelo eixo mental da mulher
e beleza;
coloquei-a na mira do
falo;
ela é agora, para mim, -
franco-atirador da
lascívia -
um alvo a amar.
Não
há prostitutas em África;
ou
savana.
Lá
as casas são redondas cabanas de barro em palha
onde
lidam seminuas as imensas pegas africanas.
Não
têm esquinas de engatar
essas
aldeias de colmo Mauritanas.
A
mulher literata é igualmente bela
e
copulará, obscenamente, como as restantes,
-
copeiras ou damas de salão -
Quando,
no áureo momento
-
o êxtase mítico do coito impressivo -
esquecer,
ou fingir esquecer,
tudo
o que leu.
Em
altas Damas ou cortesãs
o
amor cessará em certo instante
e
prosseguirá na pega, como ama de leite do sexo,
pois
o fim é natural e rude,
a
filosofia está ausente,
e
predomina a força bruta
ou
amor.
A
beleza não é um banho de estanho
de
se aplicar sobre a mulher.
A
beleza é a morfologia da própria carne
E,
como um sorriso, não se pode extrair à carne,
a
guardar numa caixa sobre o armário de quarto,
como
um branco vestido de noiva.
O
amor é invenção divina
vigiada por outrem terreno na hora da criação,
e
que, apressadamente, correra até à vila
a
divulgar a novidade;
mas
que fora, sabemos agora, erradamente narrada,
isto
é, nada entendera do que sentira!
À
mulher se dedicam odes,
lavram
versos,
gizam
quadros,
elevam
monumentos ou
erguem
cidades,
se
conquistam nações e esmagam povos,
como
presente de aniversário.
O
sexo é refrega, um duelo amoroso
a
realizar sob as muralhas do burgo,
em
hora acordada;
ou
o súbito homicídio,
de
um soldado inimigo
ao
dobrar uma esquina.
Enquanto
errava, mentalmente perdido,
por
vielas negras da existência,
deparei-me
com a bela Dama
a
quem imediatamente pedi que me indicasse
o
caminho mais curto
para
a Avenida central
de
si.
A
mulher é o infinito caseiro;
um
universal sublime domesticado;
alto
pensamento da populaça
ou
eternidade diurna,
revelada
à turba.
A
grande religião dos laicos.
A
mulher aprecia a fina joalharia da Flandres
e
admira a arte da filigrana
e,
em geral, toda a porcelana Oriental;
mas,
a propósito dos falos
prefere-os
brutalmente rudes, tortos e abomináveis.
como
raízes de velhos carvalhos da Toscânia.
Enquanto
brutalmente te despias
revelavam-se
estampadas a sol
memórias
de exíguos triângulos,
-
velas de pano em contra-luz
gravadas
na superfície de teu ser cru;
de
que te cobres como manta Andina
nas
sensuais praias argentinas.
O
que move o mundo é a nossa eterna necessidade de mulher.
Esta
queda como água à procura de um chão,
ou
uma partícula orbitando um núcleo,
um
cão, a cadela em cio.
Por
sabermos como caixeiros que a mulher sente um vazio
e
sermos nós, certamente, a ter aquilo de que ela precisa.
Baixaste o corpo e
volveste-lo para mim,
como quem invertida se
deixa gozar um pouco
e, assim, nos presta
alguma atenção.
Então, em amor, cabe-me
pagar essa inclinação!
Mas, ó desgraça,
mentalmente, não trago
comigo um tostão!
A mulher obriga-se à
fidelidade
como um capricho mental;
dedica-se ao falo único
como uma castidade
um árduo jogo de resistir
a exemplares alheios e maiores
de que por honra
quer sair vencedora.
Retardada ratazana morta
na berma da estrada
provoca a indignação de Damas
do bairro
que contestam os
cantoneiros de limpeza
por demorarem a remover
aquele símbolo sexual
gratuitamente exposto aos
olhares públicos,
para deleite dos
cavalheiros transeuntes
e o embaraço das damas
passantes.
A mente feminina enrubesce
defronte de frutaria,
ao cruzar-se com fêmea de
bovino ou rês,
pega dirigindo-se ao pasto
do amor;
pois relembra as injúrias
frases obscenas do amante
transido
durante a última cópula.
A
mulher urbana é constrangida,
mentalmente
incomodada a ordenhar gado,
ou
selecionando melões e fruta generosa
e,
subtilmente, solicita ao dono da tenda,
igualmente
excitado,
que
o faça por si.
Verdadeiramente,
é pelo falo negro,
-
o grande original, -
que
a mulher toma a virgindade quebrada.
De
que o falo europeu é pífia imitação,
tradução
corrompida e civilizada
de
forças primitivas.
Enquanto
na sala de espera,
senti
na mente o toque gratuito de coxa tangente
ósculo
suave e baixo de mulher alheia;
coxa
que outros compram,
onde
se consomem
e
matam o amor.
Descobrimos
a feminilidade da mulher
e
inventámos, prontamente, o sexo para a gozar
-
técnica extractiva do valioso filão;
uma
paisagem a pensar,
uma
velha ruína
onde
tropeçamos, amorosamente.
A
mulher não resolverá equações matemáticas
ou
inventará moléculas,
mas
conceberá um filho,
composto
por milhões de moléculas,
e
povoará o mundo de novos seres
que
se multiplicam sob a mágica complexidade
de
uma invisível equação matemática.
Sou
um exímio existente,
um
mestre venerando dessa arte milenar;
mas
como vivente
roço
a mediocridade,
sempre
revelei severas dificuldades
e
sinto que estou irremediavelmente condenado
a
um existencial fracasso.
Procuro
na face e rosto da mulher
traços
das investidas amorosas
que
lhe projeto e lanço;
como
da pedra aguardo fendas e lascas
das
poderosas estocadas
que
arremeto.
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