POESIA ERÓTICA AFRICANA #6 por Celino Deira

POESIA ERÓTICA#6

By Celino Deira

arts.montero@gmail,com

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o feminino quadril é solo túmido

E lá prosperam fungos excêntricos,

Bolores que medram e se expandem

No monturo desse perverso húmus

 

de carne e vicio.

 

*

 

A mulher bela deverá subsistir profissionalmente

dessa amorosa indústria.

 

Às restantes estarão reservadas

Os serviço de acompanhamento e conforto

ou as carreiras domésticas.

 

*

 

Em lugar de flores diamante ou poema cantado

ofereçamos à bela aniversariante

o recipiente lacrado

contendo o sémen que

durante o ultimo ano

sua beleza nos obrou.

 

 

 

finda a cópula à saída do aposento

a mulher regista em livro de condolências do amor

a perfidia

 

lá inscreve a soez dedicatória

em honra da perversa hora

 

*

 

Matrimónio significa que o Estado cederá ao macho conquistador

o direito amoroso sobre a bela mulher;

que a nação delega no amoroso colono como desbravador

o direito de inseminar e  povoar de amor

 

esse virgem território da beleza.

 

 

 

Após ter sido acusada de excessiva beleza

a mulher reclama a rápida execução amorosa da pena

livre de cortejamentos fátuos, perfumadas flores ou galanteios vários

isenta de audiência e  julgamento previo

 

- essa romântica exposição delatória das partes.

Comemoramos o amor pelo sexo

 

E o sexo,

como havemos de o festejar,

 

e seus pérfidos actos?

 

 

 

como caça bravia.

 

Quão iletrada e analfabeta a mulher

mais sábias e deleitosas as cópulas

mais fino e delicado amor

produzirá.

 

*

 

Por vezes

de um esquivo e distante aposento do palácio

escutam-se os gritos regulares e suplicantes de uma nova serva

que foi chamada a servir o amo

 

de amor e beleza.

 

*

 

A cidade é o terreiro da feira feminina

uma praça oitocentista ou rua direita da beleza

 

Pegas damas donzelas ou anónimas vizinhas

todas lá brilham e caminham

sobre a lama setecentista da sedução.

 

 

 

Está decente e púdica a mulher, hoje.

Recusou vestir decote.

 

Este permaneceu guardado em gaveta secreta

como valioso colar ou Gargantilha

do amor.

 

*

 

A pega acostuma-se ao horror e repugnância fálica

Aplica-lhe incensos e aromáticas poções

e desdenha a ereção do orgão

 

qual o coveiro

a visão da morte.

 

*

 

Bem instalada no seu lugar

como viajante de longo curso do amor

a mulher recorre à carta nacional de falos

que abre e desdobra prolixamente

para consultar as qualidades do orgao nativo

da perversa região que atravessa.

O homem tem um lasso poder,

a mulher um vigoroso langor

a ousar usar

em favor do sexo

 

a nascer.

 

*

 

frases anónimas pintadas nas paredes da cidade

contestam a beleza e o feminino poder

insurgem-se violentamente contra essa força opressora

esse poder abstrato e oculto que nos esmaga e domina

 

qual cruel tirano.

 

*

 

Sobre o vasto campo feminino

- extenso território do amor -

o falo vibra e indica ao macho sedento a fonte, o regato

o orifício mais próximo

 

da beleza.

 

*

 

depois de em breve colóquio ou entrevista

haver ingerido mentalmente a bela mulher

o homem busca rapidamente o púbico lavabo

para expelir e regurgitar o sémen que lhe revolve o ser

 

que lhe surge e brota da mente.

 

 

 

Como casa ou lar

o feminino corpo tem compartimentos sociais

e outros aposentos secretos em cave ou saguão

onde a mulher se despe e recebe

 

comprometedoras visitas.

 

*

 

Foi recuperada por meretissimo juiz da comarca

a pena ancestral que obrigava o reu

a ceder mulheres da sua parentela

para fornicação do algoz

 

ou macho da familia acusadora

 

*

 

mais do que o aniversário

à mulher interessa comemorar analmente

a quebra da virgindade do falo abjeto

o dia em que se fez adulta

 

de cama e falo.

 

 

Celino Deira

arts.montero@gmail.com


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