POESIA ERÓTICA#13
By Celino Deira
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Até Fernando
pessoa teve namorada,
- a sua Ofélia
eu, apenas
queixas na polícia
por as donzelas
não permitirem a ousadia
o atrevimento de
as pensar e desejar
foram-se queixar
à polícia de bairro,
por andar um
poeta de bairro,
a apalpar-lhes a
beleza de bairro,
a mentalmente
estuprá-las,
*
Se em elegante aposento do palácio
um ágil réptil é descoberto
logo aia será chamada,
sob exclamações de repulsa e nojo,
entre damas e donzelas desmaiadas
aniquilado o intruso,
de regresso a frias copas e serventias
aias questionam-se em surdina
se seriam tão urgentemente chamadas
quando sobre tais cetins lustrosos,
por ali rastejasse de amor,
o repelente e rugoso falo?
*
Foi exageradamente visto e
comentado:
- em pleno baile oficial,
o presidente tacteou uma
mulher.
Quem será o culpado por
tão embaraçoso acto solene de Estado?
O Presidente como um
garoto apanhado a furtar beleza,
ou a Dama cuja formosura
transbordou
sobre a engomada mente
Presidencial,
que não resistiu a
ampará-la e acolhê-la entre braços,
como alguém festeja e acaricia
o tenro crânio
de uma adorável criança.
O amor da esposa
não é inferior à pega
apenas se guarda
em gaveta truncada
armário de
gabinete reservado
missiva entregue
em mão e envelope selado
ou mala secreta
de bagagem diplomática
chave oculta em
decote sagrado;
enquanto o outro
livremente circula em envelope aberto
édito de um
monarca devasso
que se dirige livremente
ao povo anunciando
o amor
Quanto marcará
hoje o nível de beleza das mulheres diárias?
Que maré de
desejo faz subir ou descer a saia
como mercúrio em
vidro regulado da existência?
Quanto valerá no
almanaque da vida o decote médio,
medido em escala
de sexo, que ao casco do ser e olhar
elas,
diariamente, nos arremetem?
Quais
pescadores, carecemos bem de o saber, como está o desejo;
espreitá-lo de
madrugada, por detrás do postigo,
antes de,
definitivamente, nele entrarmos
pela faina de
existir.
*
Nos recantos obscuros da beleza e mente
descobrimos na mulher infames e vis inscrições
como ossada em caverna,
vestígios que denunciam a presença de antigos
amantes
nas catacumbas do amor
frases proscritas, obscenos versos
gravados em honra da mulher
discípulos do amor a quem outrora
a mulher acolheu, cedeu a passagem em túnel ou
serventia
da beleza.
"-Conheço umas mulheres que nos prestariam esse favor,
certamente!
Além disso, isentamo-nos de recorrer a profissionais
que nos cobrarão uma fortuna,
enquanto estas nos assistirão gratuitamente,
franquearão livremente sua beleza
e são igualmente mulheres;
pois para si o amor é um hobby,
uma tarde desinteressada de tricot,
uma fracassada pescaria de Domingo."
Propões, em baixo tom de existência,
a realização de uma cópula,
em tempo e local a definir.
Imediatamente assenti, pois é um sonho noturno que guardo
há muito,
uma tara mental de que me abafo,
um amor puro diariamente escondido debaixo das vestes,
mas que não ouso confessar-to,
porque não se declara isso a uma senhora, por cortesia,
se ofende muito informá-la que é desejada por homem para
cópula...
Como se um foragido anunciasse aos caminhantes
o lúgubre desejo de os assaltar...
Enquanto aguardam em sala de espera
o início de administrativa reunião
os visitantes permanecem amorosamente susceptíveis
à beleza das secretárias de que a Organização
está bem dotada e provida;
e, se a espera se prolonga,
os incautos machos já procuram insistentemente os lavabos
para moralmente regurgitarem as substâncias,
o muco gerado pela perturbadora beleza
à qual, como poluição sensual,
estão obscenamente expostos.
Nesse distinto prostíbulo
o pequeno amante está impedido de aceder à pega
e será agrupado em sessão mista de amor,
conduzido a compartimento próprio
consagrado em cerimónia menor
celebrada e presidida por jovem aprendiza
na companhia de outros tantos falos,
como perversa vala comum
do amor.
Apenas o falo dotado acederá à meretriz,
qual monarca ao camarim da diva
no final de elegante espetáculo.
*
Descobri uma beldade no bairro
Como cadáver sepultado nas caves do lar
Existo agora dobrado pela pesada ideia,
de que ela lá reside e existe,
como um fantasma assombrasse a minha morada,
ou a amante favorita de um rei
habitando a janela defronte da nossa vida;
uma pedra em sapato mental
que nos sopesasse o quotidiano bolso:
- sermos vizinhos de mítica e famosa meretriz.
Oprime-me, ó bela, pensar-te esgotar os movimentos,
contorceres-te de amor
em exaustiva ginástica mental;
como aquela que procura capturá-lo
nos recantos mais obscuros do ser,
beber as últimas gotas sensuais
do cantil da devassidão;
qual faminta amante, bem estirada,
tentando esforçadamente alcançar um útil objeto
esquecido na última prateleira
da lascívia.
Estranhamente,
em velório do esposo
a viúva conserva
sob vestes negras
a sensualidade
elogiada e cobiçada em vida do defunto
beleza que
tantos industriais e magnatas
propuseram
adquirir contra avultados pecúlios
apresentados em
mão ou enviados oficiosamente
sob o lacre e
selo de honoráveis tabeliões
que o defunto
sempre rejeitara
alegando um
extremo amor
por essa valiosa
propriedade
da beleza
Nos recantos obscuros da beleza e mente
descobrimos na mulher infames e vis inscrições
como ossada em caverna,
vestígios que provam a presença de antigos amantes
nas catacumbas do sexo
frases proscritas, obscenos versos
gravados em honra da
povos primitivos do amor
que outrora a mulher amou
nas eras glaciares
da beleza.
Diariamente,
pela existência
o
homem assiste ao espetáculo gratuito da mulher
atuando
e dissipando beleza
que
ele rapidamente captura e aprisiona
a
pensamento;
vejamos
os escritórios:
lá procurando
as administrativas pastas;
contorcendo-se,
enfim, de sensualidade
enquanto
recurvadamente atende o telefone
e
esbanja mais alguns decotes e coxas
a
nosso favor.
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