FREE EROTIC POETRY ON-LINE #10 por Celino Deira

POESIA ERÓTICA #10

By Celino Deira

arts.montero@gmail,com

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Todas as filas humanas se quebram em mim        

Sou o elo mais fraco da corrente humana 

  

Brecha que o mundo aproveita para fugir          

E passar para o outro lado       

 

E eu sinto-me impotente para estancar o fluxo

como um porteiro só e impotente

diante de uma multidão desgovernada              

que tudo esmaga e atropela à sua passagem

 

*

 

A mulher lamenta e solicita as desculpas do interlocutor

pelo atraso ou  detença

e o desarranjo do semblante que apresenta

devido a uma audaz tentativa de violação

de que sua beleza foi alvo

por perigoso delinquente do amor

que ainda pode extorquir-lhe algumas intimas vestes

certamente para traficar por avultadas quantias

 

no mercado negro do amor

 

*

 

eis que finalmente a dama chega ao palacio

onde a aia já desesperava angustiada pela demora

que a dama justifica com um ataque e sequestro á beleza

executada por um macho que a desviou

e conduziu a um picadeiro abandonado

para ser montada e picada qual montada

ensinada e domada

na alta e nobre arte

 

do amor

 

*

 

“-Não amei e deveria ter tocado! mas,

não lesaria assim   o corpo imaculado? ou,

o que é que está errado?

 

Não toquei e deveria ter amado        

o corpo desejado.

E o erro está em mim!

 

Mas,            

o que é que está errado?

 

*

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A mulher é emparedada entre o homem e a cabeceira da cama

e Deus espreita atentamente esse comércio de carne

e orifícios em carne,                                              

pelo corpo de Cristo suspenso e enlaçado,          

entre os pinázios da alta cabeceira,                     

que range e balança, sincronicamente, a

os movimentos de um casal  enrodilhado que,                 

como um naco de carne em êxtase,               

 

sobre a cama vibra.                                      

 

*

 

Os seios não são do corpo

a distância entre nós;

 

É a razão dos seios sobre o peito,

a montra e sombra que da mente

o sol deles faz e cai,

que se projecta, que nos perturba,

 

como a desmesura de cocos

suspensos de uma rosa.

 

*

 

Está sempre tudo certo.

O que temos a fazer é nada.

Apenas devemos seguir pelos caminhos entreabertos

que os objectos deixaram para nossa passagem.

 

E olhar para o lado, a tempos,

onde a ordem natural das coisas se expõem a rodos

como manequins em montras.

 

Viver é entrar nas lojas e pretender comprar algo.

 

*

 

Regularmente marceneiros são chamados às casas e lares

para consertarem leitos quebrados

pela força desgovernada e abrupta do amor

que impele machos possuídos da mulher e beleza

machos cuja intensa fúria a bela mulher despertou

e os arremete contra si,

aquela que diariamente sobre os leitos é deposta e,

de beleza aberta, qual rês submissa em celeiro

 

a amorosa ordenha aguarda.

 

*

 

 

 

 

 

 

 

 

 

por instantes Em pleno sexo

no auge da lide e coito

a mulher parece sufocar mentalmente

de um falo cravado no dorso da beleza

 

uma espinha

um osso preso na goela da mente

durante a ingestão

 

da amorosa refeição

 

*

 

Confrange-me, ó bela, pensar-te esgotar os movimentos,

contorceres-te de amor em exaustiva ginástica mental;

como aquela que procura capturá-lo

nos recantos mais profundos do ser,

beber as últimas gotas sensuais do cantil da devassidão;

 

qual faminta amante, bem estirada no ultimo degrau 

tentando esforçadamente alcançar

 

a alta prateleira da lascívia.

 

*

 

A mulher branca ilumina toda a cama,

o leito onde goza.

A cona incandesce como um pirilampo que jorra fora luz,

enquanto é afagado.

 

A negra, cuja carne tudo absorve,

até o brilho das estrelas,

escancara-se no eixo do leito onde espera, mentalmente,

 

nos deglutir como luz.

 

*

 

O ser regressa do nada.

Irrompe por um desejo, de mala na mão,

como uma visita inesperada que fica paraalmoçar

 

Come, bebe e dorme.

Mais tarde, decide partir,

abandonando um fardo de memória na recepção,

 

- pilha de correspondência extraviada

para quem desconhecemos nova morada

 

*

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O ser tem por certa a clara morte,

o único instante em que somos chamados por outrém.

 

Entretanto, vagueamos por viver,

e, por vezes, escutamos o nosso nome

por constar inscrito, talvez,

em uma lista administrativa de viventes,

 

mas que, sabemos agora,

fora mentalmente chamado por engano.

 

*

 

Está sempre tudo certo.                                        

O que temos a fazer é nada.                                

 

Apenas seguir pelos caminhos entreabertos        

que os objectos deixaram para nossa passagem.

E olhar para o lado                                                

onde a ordem natural das coisas se expõem a rodos

como manequins em montras.

 

Viver é entrar nas lojas e pretender comprar algo.

 

*

 

Abundam seios como abrunhos;                    

Já não temos de introduzir uma moeda para ver;

 

Descobre-se um seio como se abre uma porta na aldeia

e sai correndo, semi-nua,                                      

uma mulher apavorada pela morte do esposo      

que sucumbiu à excessiva beleza e amor,

enquanto freneticamente

 

a copu...amava.

 

*

 

Os seios não são do corpo                                   

a distância entre nós;

 

É a razão dos seios sobre o peito,                       

a montra e sombra que da mente                         

o sol deles faz e cai,                                              

que se projecta, que nos perturba,

 

como a desmesura de cocos                               

suspensos de uma rosa.

 

 *

 

 

 

 

 

 

 

 

às portas da amorosa vila

os machos instituem sensual portagem de cancela

que se ativa e cerra instintivamente

à aproximação de bela mulher

 

e impede sua passagem contra o pagamento de sensual tributo

ou taxa de beleza

devida por todas as damas forasteiras

cujo amor pode corromper as decorosas mentes masculinas

dessa provecta e nobre vila

 

 

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